As primeiras engenheiras

Em 1876 foi criada a Associação dos Engenheiros Civis Portugueses (não militares) que veio dar origem, à Ordem dos Engenheiros em 1936, há 88 anos. A engenharia começou por ser exercida por engenheiros militares e, exclusivamente por homens até que em 1937 se licencia a primeira mulher em Engenharia Civil, no IST, Maria Amélia Chaves e inscrita na OE em 1938. Em 1939, licenciam se Maria Luísa Santos e Isabel Maria Gago (1ª mulher docente no IST) ambas em Engenharia Química, no IST e em 1947, Maria da Conceição Marques Moura, em Engenharia Civil na FEUP.

Maria Amélia Chaves

Maria Amélia Chaves

Foi a primeira mulher a licenciar-se em Engenharia Civil, pelo IST, em 1937, tendo sido também a primeira mulher a inscrever-se na Ordem dos Engenheiros.

Após regressar da Índia, onde estava a acompanhar o seu pai, Comandante Militar do Estado Português da Índia na época, começou a dar aulas num colégio para pagar os estudos.

Foi aos 20, em 1931, que decidiu ingressar no ensino superior, no Técnico, onde os dois primeiros anos eram gerais e só no terceiro ano era decidida a especialidade. Inicialmente era esperado que seguisse Engenharia Química, tendo, no entanto, optado pelo curso de Engenharia Civil rompendo com as normas sociais instituídas à época.

Após estágio com o Eng.º Arantes e Oliveira entra para os quadros da Câmara Municipal de Lisboa, onde iniciou também a sua atividade profissional, na fiscalização de obras, tendo sido a primeira engenheira da Câmara Municipal de Lisboa.

A primeira engenheira portuguesa foi também a primeira pessoa a desenvolver cálculos anti-sísmicos aplicados à construção civil, sendo por isso relatora no 1º Simpósio Antisísmico em 1955, tendo aí apresentado duas comunicações.

Dedicou-se posteriormente ao projeto de edifícios, tendo dedicado os últimos 30 anos da sua carreira à urbanização e construção imobiliária, principalmente em Lisboa, Oeiras, Sintra e Cascais. Aos 82 anos realizou a sua última obra: recuperar o prédio onde vivia.

Isabel Maria Gago

Isabel Maria Gago

Professora, natural de Lisboa, nasceu a 30-05-1914 e faleceu a 09-05-2012. Era filha de um jovem Capitão que morreu na campanha da Flandres na I Guerra Mundial (Portugal participou na I Grande Guerra). A mãe ficaria como o seu grande modelo. Mas o facto de ser filha de um Militar deu-lhe entrada no Instituto de Odivelas, então chamado Instituto Feminino de Educação e Trabalho. Tinha 8 anos de idade.

Foi aluna do Instituto de Odivelas. Em 1939, Isabel Gago foi a primeira mulher a acabar o Curso de Engenharia Química, no Instituto Superior Técnico (IST), onde entrou em 1933, e onde lecionou até 1984, quando se reformou, aos 70 anos, depois de ter sido a primeira mulher a assumir a docência, numa Escola Nacional de Engenharia.

Isabel Gago desafiou "as normas sociais da época” quando "ousou ingressar no universo exclusivamente masculino da engenharia portuguesa”.

Na formação nesta área, em Portugal, Isabel Gago foi precedida apenas por Maria Amélia Chaves, a primeira mulher licenciada em engenharia, no ramo de Engenharia Civil, também pelo IST, em 1937.
Professora Universitária portuguesa e Engenheira Química-industrial pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.

Foi Segunda-Assistente e Primeira-Assistente do Quadro Docente do Instituto Superior Técnico de Lisboa, onde regeu a cadeira de Electroquímica e Electrometalurgia (teoria e prática).

Anteriormente, regeu ali a cadeira de Química Geral. Tem trabalhos publicados, sobre a sua especialidade, em revistas técnicas.

Fonte: "Dicionário de Mulheres Célebres, de Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão Editores, Edição de 1981, Pág. 449”
Fonte: "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”

Antera de Seabra

Antera de Seabra

A sua atividade foi pioneira e deu um impulso decisivo para o que temos hoje como natural e adquirido: a Sociedade Portuguesa de Materiais (de que foi fundadora), o Colégio de Engenharia de Materiais da Ordem dos Engenheiros, os Cursos de Engenharia de Materiais e a atividade IDT florescente nas Universidades e Laboratórios do País.

A Engenheira Antera foi uma notável Investigadora do LNEC- Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Preocupou-se em transmitir os seus vastos conhecimentos e experiência, nomeadamente através da publicação em 1981 da obra METALURGIA GERAL, em 3 volumes (publicação do LNEC).

Mas, para além de tudo, a Engenheira Antera preocupou-se com o que se passava no País, a nível das Universidades, Laboratórios e Empresas. Daí o seu importante papel na CT12, Comissão Técnica de Normalização "Produtos Siderúrgicos”, onde coordenou a elaboração de várias normas, das quais destaco pela sua dimensão e importância:
Classificação dos Aços (1979)
Metais Ferrosos – Vocabulário de Tratamentos Térmicos (1979)

A sua iniciativa, capacidade de organização e espírito de serviço público ficaram bem patentes em toda a ação que desenvolveu na Ordem dos Engenheiros e também na Sociedade Portuguesa de Materiais, de que foi Presidente no biénio 1987-1989.

Logo em 1978, à frente da Comissão Cultural de Engenharia Metalúrgica da Ordem dos Engenheiros, coordenou o primeiro levantamento dos meios e atividades das várias entidades que no país trabalhavam na área da Metalurgia: Centros de Investigação, Departamentos Universitários, Empresas. Os resultados deste levantamento estão publicados em livro pela Ordem.

Finalmente, liderou os trabalhos para a contribuição de Portugal e da língua portuguesa para o Dicionário Multilingue dos Tratamentos Térmicos, editado pela AITT- Associação Internacional de Tratamentos Térmicos (Budapeste, 1986), em colaboração com Pádua Loureiro.