A "Água como fator de coesão territorial” esteve em debate, ontem, 13 de fevereiro, na sede nacional da Ordem dos Engenheiros, numa conferência que contou com mais de 200 participantes e com alguns dos maiores especialistas do país em matéria de recursos hídricos.
Na sua intervenção, a Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, recordou que "Portugal é um país marcadamente assimétrico no que concerne às disponibilidades do recurso água”, sendo que o Sul, em particular o Baixo Alentejo e o Algarve, registam uma escassez que poderá ser já "considerada sistémica”. As chuvas das últimas semanas aliviaram a pressão, mas as regiões do Barlavento Algarvio e do Sudoeste Alentejano permanecem críticas.
Este retrato do país, detalhadamente apresentado pelo Presidente da Agência do Ambiente, José Pimenta Machado, conduziu à definição de políticas públicas mais imediatas por parte do atual Governo, nomeadamente de restrições ao consumo nas zonas mais afetadas pela seca, o que resultou, na região do Algarve, a uma poupança de 30% nos usos agrícolas e cerca de 10% no turismo e também no consumo urbano. Para além destas medidas de curto prazo, foi promovida a elaboração de um programa aprofundado, intitulado "A água que nos une”, que o executivo estima apresentar publicamente nas próximas semanas.
Também Hélder Reis, Secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, que encerrou a sessão em representação do Ministro Adjunto e da Coesão Territorial, assegurou aos presentes que a "água é uma prioridade para este Governo”, tendo reforçado que "o país não pode respirar à mercê da meteorologia, sustendo a respiração quando não há água e expirando quando chove”.
Dos dois painéis de oradores organizados ao longo da sessão ficou claro que o recurso água exige uma gestão muito rigorosa; que é um bem a que todos têm direito de igual modo; que não nos encontramos suficientemente despertos para a nossa dependência de Espanha relativamente a esta matéria; e que o futuro passará, inevitavelmente, por menor disponibilidade deste recurso.
Não constituindo temáticas novas, a sua discussão é indispensável, "competindo aos engenheiros a apresentação de contributos e de soluções para a implementação de medidas mitigadoras e de gestão eficaz da água”, partilhou Fernando de Almeida Santos, Bastonário da Ordem.